sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"FOI LÁ, FEZ TUDO, LEU O LIVRO, VIU O FILME E COMPROU A CAMISETA?" parte 1

Bom dia queridos.

Muitos de vocês já conhecem o título da nota de hoje. Trata-se de um artigo maravilhoso escrito pelo mestre Hossan Ramzy.

O tema do artigo é a interpretação que a bailarina deve dar a musica.

Como o texto é perfeito eu referi reproduzi-lo aqui, em partes, como fez uma colega de dança em seu multiply (http://adina1985.multiply.com/journal/item/2).

Assim, ai vai a parte 1:

"Escrito por Hossan Ramzy

Caras Dançarinas:

Lá vai minha boca grande novamente. Acho que deveria agradecer a toda vocês por lerem tudo o que escrevi antes e por lerem este artigo também, pois estou sentindo que isto pode ser entendido em mais formas do que eu previ. Mas por favor, pensem que sou um cara bonzinho apesar de tudo. Eu posso ser... Prometo...

"FOI LÁ, FEZ TUDO, LEU O LIVRO, VIU O FILME E COMPROU A CAMISETA?"

Eu visitei quase todos os continentes do mundo, passei por todos os continentes durante os últimos anos. Quase todos os estados dos EUA, todos os países da Europa, todos os países da América do Sul, quase toda a Austrália e, claro, diversos países árabes e africanos. Fiquei fascinado pelo interesse e amor que as pessoas têm por nossa dança, cultura e música e pelo crescente número de dançarinas que vieram me recepcionar onde quer que eu fosse e foram muito hospitaleiras e cuidadosas, e me deram nada menos que milhares de novas irmãs por todo o mundo, as quais eu amo carinhosamente, respeito profundamente e dedico minha vida artística para fazer músicas para elas.

Também estou encantado pelo nível de envolvimento que estas adoráveis moças e suas famílias têm com a dança e cultura do Egito/Oriente Médio. Algumas delas têm dedicado completamente suas vidas à dança.

Espero e oro para que um dia o povo egípcio olhe para nossa magnífica forma de Arte com o mesmo respeito ou a mesma reverência, e na verdade, poucos de nós nativos do oriente médio dedicamos algum tempo para isso exceto em casamentos, festas de aniversário ou algum evento patrocinado pelo governo como nossa trupe nacional, que tem que fazer as coisas com um estilo artístico impessoal e conciliador, de modo a impressionar nossos líderes de estado e apresentar-se em dias de celebrações nacionais.

Portanto sinto urgência, do fundo do meu coração, em ajudar e informar todas aquelas pessoas preocupadas que encontrei nos caminhos de minhas viajens, workshops, e que me mandaram vídeos de suas danças ou de festas que fizeram para celebrar minha visita à cidade. Sinto que quero aconselhá-las corretamente sobre minha cultura e sobre a forma com que ela deve ser usada, e uma maneira fácil de fazer isso corretamente.

Mas antes de tudo, há uma coisa que eu quero PERGUNTAR a uma grande porcentagem das dançarinas que encontrei em minhas viagens:

QUANDO VOCÊ VAI COMEÇAR A DANÇAR COM A MÚSICA, POOOOOOOR FAVOR?

Muito poucas dançarinas que conheci estavam interessadas no “Último **NOVO** Passo do Cairo?”, ou no “Último ** NOVO** Tipo de Roupa”, ou em alguma outra dessas coisas que são apenas algo extra-extra para a dança.

Mesmo assim, eu realmente vi uma parcela mínima de pessoas interessadas em algo que é fundamental à dança. Tenho visto diversas dançarinas fazendo todo tipo de coisas estranhas usando roupas engraçadas e algumas em vestidos super caros que foram feitos por este ou aquele famoso costureiro do Cairo, e algumas ainda haviam ido ao Egito e fizeram suas roupas sob medida.

Mas eu MUITO RARAMENTE vi estas garotas “DANÇANDO COM A MÚSICA”.

Então claro que você deve querer me perguntar que diabos elas estavam fazendo ali.

Eu diria: não tenho a menor idéia.

Em minha opinião, dançar é como fazer a percussão, como tocar a flauta Nay, ou como tocar piano, ou tocar o Oud, Quanoon ou qualquer outro instrumento. O instrumento de quem dança é o corpo. A dançarina é um membro musical da Orquestra.

Em qualquer estilo e esfera musical, é sabido que o melhor tipo de músico é aquele que OUVE OS OUTROS MÚSICOS enquanto toca sua parte, encaixando-se perfeitamente no que está sendo tocado. Ele toca alegremente a mesma música que os outros e acentua quando deve, cresce com eles, e pára quando eles param.

Como tocador de Tabla, quando faço a percussão de uma música eu presto muita atenção a todas as frases musicais que estão sendo tocadas. Como membro de um grupo, devo conhecer definitivamente que ritmo é aquele e devo saber quando o ritmo muda, diminui, acelera, pára, acentua ou se modifica de qualquer jeito. Eu devo ouvir cada músico que toca comigo e ter certeza que estou tocando de acordo com o que ele ou ela está tocando, seja um solo ou parte de uma orquestra. Quando a orquestra inteira está fazendo rodeios sobre uma parte específica, tenho que colaborar e crescer com eles, e expressar esta parte, porém quando a música é tocada por apenas um solista, eu tenho que tocar bem baixinho, apenas o suficiente para fazer o acompanhamento, mantendo a contagem da música e o ritmo definido; eu também posso gentilmente decorar os pequenos acentos que ele estiver fazendo aqui e ali apenas para manter a coisa toda em um nível estético e artístico, e manter a comunicação fluente entre nós dois. Esta mesma atitude aplica-se a todos os instrumentos que apresentam-se na mesma parte da música. Ou a coisa toda descamba para uma bagunça sem precedentes.

Em meu contato com diversas grandes artistas do mundo que têm a dança como parte relevante de suas carreiras ou que estão relacionados à nossa amada dança, como a dançarina indiana de Kathak Nahid Siddiki do Paquistão ou a espanhola Maria Belén Fernandez de Madri, TODAS elas me explicaram quanto tempo gastam aprendendo sobre ritmos, contagem e cantando os sons dos ritmos, e aprendendo os significados dos movimentos do corpo e o que este movimento de cabeça significa, e o que o olhar indica, e quanto elas amam isso tudo e como é significativo aos olhos de quem observa e como elas nunca poderiam pisar em um palco sem este conhecimento, e se por milagre conseguissem, elas não seriam aceitas pelo público, uma vez que este público sabe o que quer.

“Por que algumas pessoas pensam que na dança egípcia e do Oriente Médio deveria ser diferente?”

Sim, eu sei... Se você mostrar sua perna o suficiente, muita gente ficará interessada no oriente médio, mas AQUI eu estou falando sobre ARTE, CULTURA e ESTÉTICA.

Tenho visto diversas dançarinas se apresentarem com as mais inusitadas coreografias para a música e dizerem, e eu cito aqui “Esta coreografia foi especialmente desenhada para mim por (#~@%$£

&^%@#~#x ) {O nome de algum professor famoso}".

Sinto muito por isso do fundo de meu coração, porque quero que VOCÊ compreenda a dança e DANCE REALMENTE bem.

Então se você quer saber como fazer isso e como organizar sua dança de acordo com a música, é assim que se faz. Este é um presente gratuito, e espero que você faça bom uso dele.

Eis o que eu penso:

Se você escolheu uma ou outra parte da música.

Agora, tente descobrir algo mais sobre ela. O que ela está dizendo (musicalmente e liricamente se possível), e quais seriam os gestos adequados à esta composição... é uma música alegre? É uma música triste? Ou seria uma música brava? Uma música melancólica? Que tipo de música é esta, é clássica, é folclórica, é um Baladi, é um Baladi improvisado, é um Saidi, e isso só para mencionar o campo de músicas egípcias...

Então descubra que ritmo é aquele. Quantas barras de cada ritmo a música tem.

Abasteça-se com um vocabulário básico de movimentos que podem se encaixar em cada um destes ritmos (dois ou três passos que possam ser encaixados em cada ritmo), e você deve fazer um ótimo trabalho. Uma de minhas dançarinas favoritas do Egito é Fifi Abdo. Garanto a você que ela faz apenas três ou quatro passos em todo seu repertório. Mas ela executa-os no lugar certo e no momento certo, com um adorável sorriso."

Retirado so site: http://http://www.hossamramzy.com

Amanhã tem mais.

Bjus mil

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